Só por hoje

Só por hoje quero acender, dentro de mim, o fogo da coragem, o fogo que ilumina, o fogo que queima o medo, o fogo que aproxima os sonhos da realidade, o fogo da vida. Não quero fugir da luz, mas quero ser luz na forma de compreender, de sensibilizar e na forma de defender valores importantes. “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro... A real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz” (Platão).

Só por hoje quero buscar o meio-termo entre a afetividade e a racionalidade, quero compreender a ponte que acontece entre a ternura e a seriedade, equilibrar-me sobre o fio condutor entre o passado e o futuro, Quero conciliar competência profissional e excelência humana... Quero ser livre para escolher e forte para não temer as consequências de cada decisão. “Viver é isso, ficar o tempo todo se equilibrando entre as escolhas e as consequências” (Jean-Paul Sartre).

Só por hoje quero estar atento a uma das sutilezas essenciais dos diálogos: Quero que a comum união estabelecida no diálogo dê espaço à escuta das pausas. Aí acontece algo profundo em termos de compreensão e de comunhão. “A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão” (Nelson Rodrigues).

Só por hoje quero ser coração e ir ao encontro do coração das coisas. “Sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não quero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade, que afirmou: ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa” (Rubem Alves).

Só por hoje quero olhar a minha vida e minhas opções a curto, médio e longo prazo. Quero que o meu jeito de ser, de viver e de acreditar me faça forte, corajoso e perseverante. “Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos, e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida, esses são imprescindíveis” (Bertold Brecht).

Só por hoje quero pensar e tirar proveito destas duas frases: “Toma conselho no vinho, mas decide depois com água” (Benjamin Franklin); “Não se pode ser bom pela metade” (Leon Tolstoi). São duas joias que podem ter grande importância na minha vida, sobretudo na vida profissional. Só por hoje quero ser dócil e prudente, ao mesmo tempo, quero ser inteiro e verdadeiro.