Só por hoje

Só por hoje quero me analisar para me conhecer mais e melhor. Desejo aprender a conviver sempre melhor comigo mesmo: com o meu passado e com o eu futuro. Quero aprender a mergulhar generosamente no único momento que está em minhas mãos, que é o momento presente. Quero e desejo me conhecer e conhecer as pessoas com quem eu convivo diariamente e interpretar as minhas reações sobretudo em tempos difíceis e em tempos de turbulência. Quando tudo na vida vai bem, o amor é algo que brota naturalmente. Porém, o teste da autenticidade do amor acontece quando as coisas não estão bem: quando falta dinheiro, quando acontecem doenças, quando existem situações delicadas no trabalho. Estes são verdadeiros termômetros de autoconhecimento e de conhecimento dos outros. “A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio” (Martin Luther King Jr).

Só por hoje quero crescer na liberdade perante mim mesmo, perante as pessoas e perante as coisas. Não quero que as coisas – criadas pelo homem” condicionem negativamente o meu viver. Não quero que o computador ou as máquinas atrofiem ou tirem de mim valores importantes como o cultivo das amizades, o convívio em família, a vivência do lazer. Acima de tudo, quero ser parceiro e livre perante tudo. “O problema não é que os computadores passem a pensar como a gente, mas que a gente passe a pensar como eles” (Erich Fromm).

Só por hoje quero estar bem comigo mesmo, quero construir pontes entre a teoria e a prática, quero estabelecer boas relações com as pessoas e, acima de tudo, quero me sentir inteiramente comprometido com o que me cabe no hoje da vida. Desejo mergulhar profundamente no que for melhor e o que legitima a coerência. Não quero ser humilhado pela coragem alheia, mas sim desafiado para ser melhor e a fazer melhor. “Nada nos humilha mais do que a coragem alheia” (Nelson Rodrigues).

Só por hoje desejo aprofundar o valor da lucidez. Quero mergulhar na sabedoria e compreender que as palavras podem trair, mas o silêncio não. Desejo a lucidez para falar quando devo falar e silenciar quando devo silenciar. E que eu tenha o discernimento e a presença de espírito para sempre fazer o melhor, seja silenciando e escutando, seja falando e ponderando. “Quando falares, cuida que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio” (provérbio indiano).

Só por hoje quero desejar bons desejos. Sei que eles são os motores das pessoas diferenciadas. Desejar o melhor, desejar fazer a diferença, desejar bons sonhos, desejar superação, desejar alcançar... Pois os verdadeiros desejos combinam e conectam com a realização. Os desejos mais sinceros não se contentam em ser apenas desejos, mas querem acontecer na realidade do dia a dia. “Os nossos desejos mais verdadeiros sempre se tornam realidade. Se isso não acontece é porque não eram autênticos” (Canísio Mayer).

Só por hoje quero cultivar a beleza de silenciar e a grandeza de escutar. Desejo viver essas duas atitudes como valores internamente assumidos como uma verdadeira escola de aprendizagem. Silenciar interna e externamente para conseguir não só ouvir, mas escutar o que as pessoas de fato querem dizer e não somente o que eu desejo ouvir. O silêncio e a escuta jamais nos traem. “Para fazer inimigos, fale; para fazer amigos, ouça” (adágio americano).