Só por hoje

Só por hoje quero ficar atento à lei mais universal. Lei que vale para todos os povos, crenças, continentes, raças e culturas: não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem a mim. Sei que isso tem grande aplicação na minha vida diária, nas relações, nas amizades, no ambiente de trabalho, na convivência de um modo geral. Se há coisas que eu não gosto eu me façam, vou evitar decididamente fazer isso aos outros. Quero e desejo viver esta lei de ouro: fazer aos outros o que eu gostaria que eles me fizessem. “Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz”(Madre Teresa de Calcutá).

Só por hoje não quero compreender a força que se esconde na suavidade, o amor que se manifesta na afetividade. Antes de tomar qualquer decisão que envolva pessoas, quero e desejo colocar-me na pele delas. Quero decidir com sensibilidade e firmeza. Não quero atropelar passos nem fazer coisas para me ver livre. Quero decidir livre e positivamente no que for melhor. Só por hoje quero sacudir as possibilidades que desejam voar. “De modo suave você pode sacudir o mundo” (Ghandi)

Só por hoje quero aprender de uma videira. Além de ser bonita e charmosa, ela passa anualmente por um processo um tanto quanto dolorido. Ela é podada. Ser podada dói, faz derramar a seiva como se fossem lágrimas. Porém, o sentido da poda não é fazer a videira sangrar e sofrer, mas é prepará-la para que os frutos sejam mais saborosos na colheita seguinte. Eu quero aprender a deixar-me podar não como repressão, mas como possibilidade para ser mais livre e mais dócil, para produzir melhores frutos, para ser mais sensível, mais solidário e ser alimento que dê sabor. “Liberdade é uma possibilidade de ser melhor, enquanto escravidão é a certeza de ser pior” (Alberto Camus).

Só por hoje quero conjugar, repetidas vezes e na primeira pessoa do singular, os verbos querer, poder e conseguir: Eu quero, eu posso e eu consigo. Não vou me cansar de conjugar a verdade e os desejos desses verbos: eu quero, eu posso e eu consigo. Só vou dar trégua a essa conjugação quando estiver convicto, confiante e a caminho da conquista. Mesmo assim, continuarei buscando o que agrega valor ao viver. “Vencer a si próprio é a maior das vitórias” (Platão).

Só por hoje quero ser paciente, quero dar tempo ao tempo. Não quero atropelar as coisas, mas também não quero ser passivo e protelar. Quero estar presente no tempo da vida: “Um tempo para abraçar e um tempo para se afastar, um tempo para buscar e um tempo para perder, um tempo para recolher e um tempo para dividir, um tempo para amar e um tempo para sofrer” (Eclesiastes, capitulo 3).

Só por hoje quero ser autêntico. Quero ser frio ou quente. Quero ter postura, coração generoso e testa dura diante dos desafios. Não vou me contentar com o mais ou menos e muito menos com o pouco. Quero paixão e emoção, mas sempre com os pés no chão. “Meias verdades, meias vontades, meias saudades. Viver pela metade é ilusão. Tire suas meias e ponha os pés no chão” (Augusto Barros).